Wednesday, October 18, 2006

Somos todos Escravos Artificiais

Não tenho qualquer dúvida:
Somos todos Escravos Artificais!
Para quem trabalha 8 horas diárias, tem 4.5h de aulas de 2ª a 5ª Feira, e, segundo o tão badalado Processo de Bolonha, tem de estudar aproximadamente 8 horas por dia, conclui que é Escravo Artificial, de um artificio falacioso que se descreve como uma forma de reforçar a concretização da Aprendizagem ao Longo da Vida.
Tal como facilitaram o Acesso ao Ensino Superior para estudantes com idade superior a 23 anos, também complicaram ao obrigar o aluno estudante-trabalhador a cumprir o mesmo tempo de trabalho de um aluno cujo tempo apenas dedica ao estudo.
Realmente, a possibilidade de um estudante realizar uma Licenciatura em 3 anos parece-me viável, mas apenas aos alunos diurnos, porque um aluno que trabalha 8 horas, estuda 4.5h, perde nos transportes cerca de 1.5h, e ainda tem de dedicar mais 8 horas ao estudo, restam-lhe 2.5h para dormir, comer e cumprir as suas necessidades biológicas básicas. E, nem vale a pena falar da vida social e familiar, porque essa está posta de parte!
Julgo que não serei só eu a verificar que este Processo, que tanto se apregoa como uma forma de facilitar o acesso ao ensino ao Longo da Vida, esquece-se de que durante esse Longo da Vida cada um de nós tem de trabalhar para sustentar a sua economia, a da sua família e a do país... não podemos viver toda a vida às expensas dos pais!
Somos, segundo as estatísticas, um país bastante iletrado, com um baixo grau de pessoas graduadas, mas...
Onde é que vamos arranjar tempo... tempo é dinheiro... para nos graduarmos?
Nem sequer nos deixam fazer uma Licenciatura por cadeiras, dando-nos a possibilidade de realizar apenas 3 cadeiras por semestre. Sim!Porque 5, ou 6, são utopicamente realizáveis.
Cada vez mais me parece que o termo UNIVERSIDADE é só para alguns, pelo menos para aqueles que económicamente e temporalmente a podem frequentar.
E, assim
me tornei uma Escrava Artificial, levada pela facilidade enganosa de que me dariam a possibilidade de me licenciar em algo que, para além de me ser gratificante, seria uma mais valia para o meu país.

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